A movimentação de bastidores que tenta aproximar Republicanos e MDB no cenário nacional pode ter um efeito colateral relevante: provocar a saída do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, da legenda pela qual se elegeu. O destino provável? O PSD de Gilberto Kassab.
Tarcísio tem perfil técnico, bolsonarista moderado e tenta se descolar dos extremos — inclusive do próprio bolsonarismo. Já deu demonstrações públicas de pragmatismo, inclusive se reunindo com Lula e ministros do governo federal. Sua trajetória é marcada por um alinhamento muito mais com a lógica de gestão do que com acordos de fisiologismo partidário. E é justamente nesse ponto que uma aliança com o MDB se torna um problema.
MDB: um parceiro com histórico complexo
O MDB é conhecido nacionalmente por sua capilaridade e pelo jogo de bastidores. Está presente em praticamente todos os governos estaduais e municipais, independentemente de ideologia. Se por um lado isso é lido como “habilidade política”, por outro também é visto como símbolo de um sistema político tradicional que Tarcísio tenta evitar.
Uma federação ou mesmo uma aliança informal entre Republicanos e MDB nacionalmente pode criar constrangimentos ao governador paulista, que busca manter um discurso de renovação e autonomia. Mesmo com influência sobre o Republicanos em São Paulo, ele pode não conseguir segurar as pontas se o partido nacionalmente embarcar num projeto que contrarie sua estratégia de longo prazo.
O PSD como alternativa de porto seguro
O PSD surge como porto seguro. Não é oposição direta a Lula, mas tampouco é governo. Tem estrutura, capilaridade e uma imagem pública mais técnica do que ideológica. Kassab, mentor do partido, tem se mostrado receptivo e articula discretamente essa possibilidade há meses. A entrada de Tarcísio no PSD o colocaria em campo mais confortável para disputar — com viabilidade — a Presidência da República em 2026, caso Bolsonaro esteja inelegível.
Tarcísio não nega que tem ambições nacionais. Se for obrigado a escolher entre sua coerência política e as alianças de ocasião de seu partido, é possível que não pense duas vezes.
Um 2026 costurado em 2025
O ano de 2025 já antecipa o xadrez da sucessão presidencial. Com Lula elegível e Bolsonaro fragilizado juridicamente, Tarcísio se movimenta para ocupar o espaço do “bolsonarismo viável”. Mas para isso, precisa mais do que votos: precisa de um partido que não o afunde nas alianças que critica.
Se o Republicanos insistir em se aliar ao MDB, pode acabar perdendo seu principal nome nacional. E empurrar Tarcísio de Freitas para o PSD pode ser apenas o primeiro reflexo de uma estratégia nacional que ainda está longe de ser compreendida — e aceita — por todas as correntes da direita brasileira.
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