Prometido como um programa voltado para estudantes carentes, o Universidade Gratuita, uma das principais bandeiras do governo Jorginho Mello, está no centro de uma grave denúncia. Relatório do Tribunal de Contas do Estado (TCE/SC) identificou indícios de fraude na concessão das bolsas, com destaque para casos de alunos que apresentaram documentos falsos de renda para se enquadrar nos critérios do programa.
Segundo apuração do jornalista Renato Igor da NSC, o levantamento foi feito a partir do cruzamento de dados do próprio TCE com os cadastros da Secretaria de Estado da Educação (SED) e da Acafe. O resultado revela um cenário alarmante: milhares de estudantes de alta renda, com carros de luxo, vínculos com empresas familiares e até filhos de servidores públicos, foram beneficiados indevidamente com bolsas integrais e parciais.
O relatório está agora sob análise do conselheiro Gerson Sicca, relator da área da educação no TCE, e deve ser levado ao plenário da Corte de Contas nos próximos dias.
A Secretaria de Educação e a Acafe reagiram com notas cautelosas. A SED afirmou que considera imprescindível o trabalho do TCE e que os ajustes propostos poderão ser aplicados até o encerramento do ciclo de implantação do programa, em 2027. Já a Acafe disse acompanhar o processo com tranquilidade e confiança, defendendo que a atuação dos órgãos de controle contribui para o aprimoramento das políticas públicas.
Apesar do tom institucional das respostas, o episódio escancara o risco já apontado anteriormente pelo próprio TCE: a falta de critérios claros, de fiscalização efetiva e de mecanismos de controle social pode transformar uma política de inclusão em uma porta aberta para fraudes e injustiças.
Enquanto isso, estudantes realmente carentes seguem sendo deixados de fora — e o que era pra ser um avanço social vira alvo de escândalo.
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