Por mais que a política viva de embates e divergências, há um princípio que deve estar acima das disputas partidárias: a responsabilidade institucional. E é exatamente isso que está faltando no atual bate-boca entre o governador Jorginho Mello (PL) e o ministro de Portos e Aeroportos Silvio Costa Filho do governo Lula (PT), iniciado após a ausência do governador em um evento federal no Porto de Itajaí.
Jorginho errou. Não se trata de afinidade ideológica ou pessoal com o presidente da República — trata-se de representar Santa Catarina, função que o cargo de governador exige com seriedade. Se não quis ir ao evento, que ao menos enviasse um representante à altura. O Estado precisa de Brasília para viabilizar grandes obras, da mesma forma que os municípios precisam do Estado e do governo federal.
O que temos visto, no entanto, é um festival de lacração nas redes sociais. Vídeo daqui, resposta dali, e mais um vídeo como réplica. Tudo isso enquanto o Estado continua precisando de investimentos, infraestrutura e articulação.
Jorginho é bolsonarista. É oposição ao governo Lula. Isso está claro — e é legítimo dentro do jogo democrático. Mas institucionalmente, ele governa para todos os catarinenses. E nesse papel, precisa estabelecer uma relação respeitosa e eficaz com o governo federal. Dizer que “Santa Catarina manda 100 e só recebe 10” não resolve nada se ele mesmo se recusa a fazer a ponte política com Brasília.
O ministro também erra ao entrar no jogo. Santa Catarina não precisa de polêmicas públicas, precisa de recursos, obras e cooperação federativa. Que venham os convênios, os investimentos, o diálogo — e que os vídeos fiquem para os marqueteiros.
Política se faz com responsabilidade. Já passou da hora de ambos lembrarem disso.
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