As eleições para o Senado: o discurso que une Lula e Bolsonaro

 

Em raros momentos, Lula e Bolsonaro falam a mesma língua — ainda que por razões opostas. Mas ambos vêm batendo na mesma tecla: a composição do Senado será decisiva para o futuro político do país. De um lado, Bolsonaro há tempos repete que “eleger senadores é mais importante do que eleger governadores”. De outro, Lula, em coletiva nesta segunda-feira, alertou sua base para a urgência de conquistar maioria na chamada Câmara Alta. Não é coincidência.

 

Ambos sabem que o Senado é peça-chave para travar ou destravar pautas sensíveis — reformas, indicações ao STF, CPI’s, impeachment de ministros e até blindagem de aliados. Quem comanda o Senado, tem poder para ditar o ritmo e os rumos da política nacional.

 

Aqui em Santa Catarina, a tensão se intensifica. O senador Jorge Seif (PL), um dos bolsonaristas mais fiéis, pode perder o mandato por abuso de poder econômico nas eleições de 2022. E já se fala nos bastidores: se a cassação for confirmada, a família Bolsonaro pretende lançar Carlos Bolsonaro, atual vereador no Rio, ao Senado catarinense. O movimento revela o peso que o clã dá a essa cadeira — especialmente num estado onde Bolsonaro venceu com folga.

 

Na prática, tanto Lula quanto Bolsonaro enxergam o mesmo mapa de poder. O presidente precisa de um Senado mais receptivo para governar com menos tensão institucional. O ex-presidente, por sua vez, aposta num Senado conservador como trincheira contra o Judiciário e possível plataforma para 2026.

 

Em meio ao ruído eleitoral, há um consenso silencioso entre rivais: o Senado é o verdadeiro campo de batalha. E a eleição de 2026 já começou — nos bastidores e nos discursos.