Durante a sessão desta quarta-feira (16), na Câmara de Vereadores, um termo usado no calor do debate chamou atenção não apenas pelo tom pejorativo, mas pelo preconceito que carrega nas entrelinhas. Ao se referir a uma decisão com a qual discordava, a vereadora Rutineia Rossi (PL), usou a palavra “baianada” — expressão comum em certos círculos, mas que escancara uma forma velada de discriminação regional.
Meu filho, é um concordiense, com sangue baiano, gaúcho, e a palavra mal colocada e fora de contexto da vereadora, Rutinéia Rossi, é inadmissível e está carregada de preconceito e xenofobia. O que, aliás deveria ser motivo de retratação.
A palavra, que supostamente serviria para criticar improvisos ou ações desorganizadas, é, na verdade, um estereótipo injusto e ofensivo contra o povo baiano — e, em sentido mais amplo, contra os nordestinos. Essa associação depreciativa perpetua a ideia de que certas regiões do país são sinônimo de desleixo, descompromisso ou falta de competência. É uma construção linguística que reforça o preconceito e a desigualdade.
Em pleno século XXI, é inaceitável que esse tipo de expressão ainda tenha espaço no vocabulário de agentes públicos, especialmente em ambientes que deveriam ser de respeito, representação e exemplo para a sociedade. O uso do termo não é inofensivo: ele reproduz e legitima a ideia de que existem brasileiros de segunda classe — uma noção perigosa e completamente incompatível com os valores constitucionais de igualdade, dignidade e respeito à diversidade.
O parlamento deve ser um espaço de pluralidade e responsabilidade. Quando uma palavra reforça preconceitos históricos, ela precisa ser questionada. Quando usada por quem representa o povo, ela precisa ser repudiada.
Não se trata de “policiamento da linguagem”, mas de responsabilidade com a palavra, que é a principal ferramenta de quem exerce o mandato. A crítica política é legítima e necessária — mas deve ser feita com argumentos, não com expressões que carregam o peso do preconceito.
Que esse episódio sirva de alerta: o preconceito, muitas vezes, não se manifesta em discursos inflamados, mas nas pequenas frases que naturalizamos. É justamente por isso que precisamos combatê-lo, inclusive — e especialmente — na linguagem.
Xenofobia não é opinião — é discriminação. E deve ser tratada como tal.